Os símbolos do Natal na França

As festas de fim-de-ano são marcadas por uma série de rituais e costumes relacionados ao Natal cristão. Na França não é diferente. Embora haja alguns elementos em comum como o Papai Noel ou a Árvore de Natal (que no Brasil, por sua vez, são trazidos da Europa), há hábitos variados relacionados às celebrações, às refeições, aos presentes, e outros.

Algumas das origens desses símbolos e tradições foram compilados por Mme. Graziella Roche, fundadora do Instituto Roche junto ao marido, M. Roche. Confira alguns deles abaixo:

 

O Dia de Natal – a festa do nascimento de Jesus Cristo – existe desde o século III. A palavra “Natal” (Noël, em francês) vem do latim natalis, que significa “dia do nascimento”.

Durante os primeiros séculos da era cristã, a data do nascimento de Jesus era incerta e diferia de acordo com os relatos da Igreja. Os evangelhos não mencionam uma data exata sobre a vinda de Cristo, e não foi até o ano 354 que o 25 de dezembro foi fixado.

Por quê? A religião escolheu voluntariamente este dia que então celebrava, no calendário juliano, o solstício de inverno (a noite mais longa do ano). Naquela época, as cerimônias pagãs celebravam principalmente o sol, fonte de vida, luz, calor e bem-estar. As celebrações decorriam de acordo com as estações do ano, e isto desde o início dos tempos.

Então, no século IV, para conter o culto pagão, a Igreja Cristã deu um passo muito inteligente: a festa do nascimento de Cristo foi antecipada de 6 de janeiro para 25 de dezembro.

Os símbolos do Natal

 Le Père Noël (o Papai Noel)

Foi São Nicolau quem inspirou a criação do Papai Noel. São Nicolau foi “importado” pelos Estados Unidos no século XVII por imigrantes alemães e holandeses, onde teria assumido o caráter comercial que conhecemos hoje. Depois de passar por transformações culturais e de vestuário para se tornar um Papai Noel mais comercial, a figura do “bom velhinho” voltou à Europa com essa nova roupagem. 

Le Sapin de Noël (Árvore de Natal)

Os celtas consideravam o 24 de dezembro como o dia do renascimento do Sol. Costumavam associar uma árvore a cada mês lunar. O abeto, tipo de pinheiro que representava o parto, foi dedicado a esse dia. Foi apenas no século XIX que a árvore de Natal foi adotada para celebrar a data.

O costume do “pinheirinho” chegou à Grã-Bretanha na década de 1840. A jovem Rainha Vitória e seu marido, o Rei Albert, tornaram-no popular em todo o país. O casal colocou a árvore de Natal alemã com suas luzes brilhantes no centro da celebração de Natal da família no Castelo de Windsor e, depois, o símbolo fez sua aparição nos Estados Unidos e na Casa Branca. Já na França, a árvore de Natal foi trazida para Versalhes por Marie Leszcynska, esposa de Luís XV, em 1738. Até hoje, no Palácio do Eliseu (sede do governo francês), o Natal é celebrado ao redor da árvore.

A decoração das árvores de Natal

Até a década de 1950, a Alemanha e os países do Leste Europeu eram o centro da produção de ornamentos artísticos natalinos. Os artesãos trabalhavam com diversos materiais, como vidro soprado, fiado, moldado, metal, cera e madeira. Também eram tradicionais pequenas estatuetas de algodão e cabelo de anjo metálico, originárias de Lyon.

La boule de Noël (bola de Natal) que decora as árvores nasceu na cidade francesa de Meisenthal, no departamento da Moselle, no Leste da França, e se origina de uma crise agrícola: no início, era normal pendurar frutas, principalmente maçãs, nos pinheirinhos. Mas uma seca privou a região da colheita das frutas. Um vidreiro começou a reproduzir em vidro vermelho a forma das maçãs e, assim, esse novo hábito se espalhou pela Europa e foi além de suas fronteiras.

Algumas famílias também montam une crèche (um presépio) junto à árvore. Antigamente, era normal que esta decoração ficasse dentro das igrejas mas, nos anos posteriores à Revolução Francesa, os presépios foram proibidos em alguns lugares. Foi então que, na Provence (no Sudeste da França), os fiéis passaram a colocar pequenas figurinhas de argila, chamadas de santoun (Santinhos, na língua provençal), no espaço doméstico. Hoje em dia, as feiras de santinhos são populares na região, principalmente na cidade de Marselha

Foto: PS Imaging